É preciso ensinar os alunos a usar a tecnologia com consciência.

Ensinar os jovens a fazer o uso adequado das ferramentas digitais os torna competentes na comunicação coletiva
O conhecimento de novas tecnologias ainda encontra resistências na escola. Enquanto alguns educadores temem que o uso da internet, de softwares educativos e de plataformas de ensino a distância prejudique o processo de aprendizagem, outros negam a existência desses recursos didáticos por desconhecer suas potencialidades.
As tecnologias contemporâneas permitem a construção de leituras inovadoras do mundo e ampliam as possibilidades de articulação, construção e circulação da informação. Aprendemos com o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) que os limites da nossa linguagem denotam os limites do nosso mundo. Quanto maior a diversidade de ferramentas dominadas pelo aluno, maior será seu território de ação.

Hoje, presenciamos a articulação de movimentos sociais e da sociedade civil por meio de sites, redes sociais, blogs etc. Não é possível ignorar a quantidade e a qualidade de informações que circulam nos espaços virtuais. É fascinante a variedade de textos, imagens e vídeos existentes na web. Ensinar a criança e o adolescente a se apropriar dessas novas linguagens é a única maneira de torná-los competentes para a comunicação coletiva. Toda escola deveria assumir o compromisso ético de proporcionar aos alunos o uso adequado dessas ferramentas, dando, assim, subsídios para que sejam capazes de filtrar as informações disponíveis, produzir conteúdos e conseguir articulá-los de forma reflexiva.
O orientador educacional e os demais gestores podem contribuir ao auxiliar as equipes a investigar a internet não apenas como uma ferramenta para o conhecimento, mas como uma aprendizagem em si mesma. A linguagem da rede mundial tem uma estrutura própria, com signos e significados que precisam ser compreendidos. É comum as pessoas - inclusive os alunos - identificarem o espaço virtual como sendo de caráter privado e divulgarem informações particulares sobre si ou outros colegas. Ocorre, porém, que isso não é verdade e os problemas de convivência ficam superdimensionados - o cyberbullying é apenas um exemplo dessa prática inapropriada.

Realizar uma pesquisa sobre o uso da internet pelos estudantes pode fornecer pistas interessantes. Investigar, por exemplo, qual o tempo destinado às tecnologias, quais os sites e as redes sociais mais freqüentados, a natureza dos jogos preferidos etc. Esse levantamento ajudará a mapear a intensidade e a qualidade da utilização dos recursos tecnológicos pelos alunos, fornecendo parâmetros úteis para a análise pela equipe docente. Nesse ponto, as escolas deveriam estabelecer uma meta: buscar compreender, nas reuniões pedagógicas ou em outros espaços formativos, as estratégias didáticas para a aprendizagem das linguagens oriundas das novas tecnologias.
 Para não cair em armadilhas, o importante é preservar, nos processos de ensino e aprendizagem, o sentido do conhecimento - ou seja, as preocupações e as indagações do aluno, da cultura e da sociedade. A escola que se empenha em inquietar o jovem, confrontando-o com questionamentos e conteúdos que o ajudam a entender o mundo em que vive, não deve temer a tecnologia, mas problematizá-la.   Catarina Iavelberg
É assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação.


ATIVIDADES – FONETICA - VAMOS RECORDAR?


No poema Língua Portuguesa, o poeta Olavo Bilac faz uma declaração de amor ao nosso idioma. Leia estes trechos e resolva os exercícios de 1 a 4.

                                              Última flor do Lácio, inculta e bela,
                                              És, a um tempo, esplendor e sepultura [...]

                                               Amo-te assim, desconhecida e obscura,
                                               Tuba de alto clangor, lira singela,
                                               Que tens o trom e o silvo da procela,
                                               É o arrolo da saudade e da ternura! [...]
VOCABULÁRIO:
Lácio = região em que antigamente se falava o latim (idioma que originou a Língua Portuguesa.
Tuba = instrumento musical de sopro
Clangor = som metálico estridente como o produzido pela trombeta.
Lira = instrumento musical de corda que produz sons suaves.
Singela = simples, sem enfeites
Trom = estrondo, barulho muito forte.
Silvo = assobio zunido fino e cortante.
Procela = tempestade no mar
Arrolo = cantiga de ninar.

1 – Considere as palavras Lácio e silvo e responda:
a) As duas têm a mesma quantidade de letras e de fonemas? ________________________
b) Que letras são comuns a ambas? ________________________
c) Que fonemas de Lácio também ocorrem em silvo __________________

2 – Indique o número de letras e fonemas das seguintes palavras do texto:
a) flor ____________________________________
b) procela _________________________________
c) desconhecida _____________________________
d) arrolo ___________________________________

Agora responda: por que nas palavras dos itens c e d,  o número de letras é diferente do número de fonemas? ________________________________________________________________________
3 – A respeito da palavra que (penúltimo verso), um aluno fez as seguintes afirmações:
I – É uma palavra de duas sílabas, porque tem duas vogais.
II – O u é uma semivogal.
III – Trata-se de uma palavra cuja base é a vogal u:
IV – O u não é fonema, pois não é pronunciado; ele é apenas uma das duas letras que formam o dígrafo qu.
V – Trata-se de uma palavra formada por três letras e dois fonemas.
         Qual(is) dessas afirmações o aluno acertou? ________________________________________
4 – Releia o texto e, atentando para a sonoridade dos versos, responda aos itens a seguir:
a) No segundo verso, o poeta cria uma aliteração com fonemas /t/, /p/, /d/. Assim : “És, a um tempo, esplendor e sepultura”. A partir  desse exemplo, explique o que é aliteração e identifique outro verso em que esse fato sonoro também ocorre.

b) Em alguns versos do texto, o poeta faz uso de um recurso sonoro chamado assonância, que consiste numa sequência em que se alternam sons vocálicos fechados e sons vocálicos abertos.
No verso 5 ocorre assonância? Explique:

c) Que efeito sonoro o poeta procurou criar no verso 5? Como ele obteve esse efeito?


5 – As palavras destacadas nos versos a seguir são homófonas.
                            Cacei imagens delirantes
                            Maísa podia não gostar
                            Cassei poemas.
a)    Compare as duas palavras e responda: o que são homófonas?
_________________________________________________________________________________
 b)Cacei e cassei são homófonas, mas não são homógrafas. Justifique essa afirmação:


c)    Essa du8as palavras têm o mesmo número de letras e de fonemas? Justifique:
__________________________________________________________________________                       

Teorias de Aprendizagem

Numa perspectiva conducionista, a aprendizagem é concebida como um mecanismo de "estímulo - resposta". Apresenta-se certo material a um aluno e espera-se uma dada certa resposta. Após esta operação o professor analisa as respostas dadas e fornece a informação referente aos resultados atingidos. Por último, espera-se que os resultados positivos estimulam o aluno a interiorizar os conteúdos da sessão ou lição, e os resultados negativos o convençam a voltar a pensar. Nesta teoria o aluno é encarado de uma forma passiva, sendo frequentemente reduzido a um mero receptáculo de saberes que lhe são transmitidos independentemente dos seus estados cognitivos. Em síntese, esta teoria faz tábua rasa dos conhecimentos que o aluno já possui antes de iniciar a aprendizagem, ignora também os seus interesses e ritmos de aprendizagem.
 Na abordagem construtivista, a aprendizagem é concebida como um processo de acomodação e assimilação em que os alunos modificam  as suas estruturas cognitivas internas nas suas experiências pessoais. Nesta teoria os alunos são encarados como participantes, aprendendo de uma forma que depende do seu estado cognitivo concreto. Os conhecimentos prévios, interesses, expectativas, e ritmos de aprendizagem são levados em conta nesta aprendizagem. Ela é entendida essencialmente como o processo de revisão, modificação e reorganização dos esquemas de conhecimento inicial dos alunos e a construção de outros novos, e o ensino como um processo de ajuda prestado a esta atividade construtiva do aluno. O professor é encarado como um mediador entre os conteúdos e os alunos, cabendo-lhe organizar ambientes de aprendizagem estimulantes que facilitem esta construção cognitiva. É importante conhecer as diferentes teorias de aprendizagem, mas é imperativo que compreendamos o modo como as pessoas aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel de um professor nesse processo. Essas teorias são importantes porque possibilitam ao professor adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino (FREITAS et al, 2006, p. 3). Afirma o autor: As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da interação entre as pessoas.
Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos centrais, para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de aprendizagem. As teorias de aprendizagem têm em comum o fato de assumirem que indivíduos são agentes ativos na busca e construção de conhecimento, dentro de um contexto significativo. O processo de aprender exige uma integração entre cognição, afetividade e a ação e, nas pessoas que não apresentam dificuldades, esta integração flui, permitindo a aprendizagem. Já aqueles que por algum motivo apresentam dificuldades, esta integração aparece obstaculizada, desorganizada, o que provoca muita tensão diante das situações de aprender. O não conseguir aprender por repetidas vezes faz com que o aprendiz forme de si uma imagem de fracasso e se iniba ou se afaste de novas situações de aprendizagem. Barbosa (1999) assevera que “este afastamento vai impedindo a sua evolução cognitiva e inibindo o seu desejo de aprender, o que gera desconforto diante de novas aprendizagens, provocando por certo um novo fracasso”  Uma dificuldade de aprendizagem é um transtorno permanente que afeta a maneira pela qual, os indivíduos com inteligência normal e acima da média selecionam, retém e expressam informações. As informações que entram ou que saem podem ficar desordenadas conforme viajam entre os sentidos e o cérebro. As dificuldades de aprendizagem devem ser consideradas como uma causa possível se uma criança tem dificuldade em um ou mais dos seguintes aspectos:
* Pensar claramente;                                                  * Escrever legivelmente;
* Soletrar com exatidão;                                             * Aprender a ler;
* Aprender a calcular;                                                 * Copiar formas;
* Recordar fatos;                                                         * Seguir instruções;
* Colocar coisas em seqüência.
 Ou seja, ela frequentemente fica confusa, é impulsiva, hiperativa ou desorientada, tornando-se frustrada e rebelde, deprimida, retraída ou agressiva. O professor deve estar preparado para identificar possíveis distúrbios/dificuldades no processo de aprendizagem, enfocando aspectos orgânicos, afetivos e pedagógicos, durante todo o processo.
Para Belleboni (2004), quando há o aparecimento do fracasso escolar, outros profissionais, além do fonoaudiólogo, como psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, devem intervir, auxiliando através de indicações adequadas e pertinentes a cada caso.
Considerando-se as diversas causas que podem interferir no processo ensino-aprendizagem, investigar o ambiente no qual a criança vive e a metodologia abordada nas escolas é importante antes de se traçar o enfoque terapêutico, uma vez que a criança pode não apresentar o distúrbio de aprendizagem, mas apenas não se adaptar ou não conseguir aprender com determinada metodologia utilizada pelo professor, como também a carência de estímulos dentro de casa. Por outro lado, muitas crianças podem não apresentar nenhum fator externo a ela e mesmo assim não conseguir desenvolver plenamente suas habilidades pedagógicas. É o caso das crianças com distúrbio de aprendizagem, cujas limitações intrínsecas se manifestam através de déficits lingüísticos, alteração no processamento auditivo e outros vários fatores que podem prejudicar significativamente o aprendizado da leitura e da escrita.
O aluno com dificuldade de aprendizagem pode exigir um atendimento variado, incluindo: aulas particulares, aconselhamento acadêmico especial, desenvolvimento de habilidades básicas, assistência para organizar e desenvolver habilidades de estudo adequadas e/ou atendimento psicopedagógico. Alguns alunos com dificuldades de aprendizagem não exigem o uso extensivo de pessoal técnico, fundos extras ou a ajuda de professores, mas pode precisar de modificações apropriadas no programa e subsídios para auxiliá-los. Estes incluem leitores, copiadores, anotadores, uma prática que lhes garanta mais tempo para realizar trabalhos, projetos ou testes e, livros ou conferências gravadas.  Para Fonseca (1995), a criança com dificuldade de aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não pertence a nenhuma categoria de deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional. As escolas precisam fornecer às pessoas com dificuldades de aprendizagem uma educação apropriada, incluindo bons sistemas escolares, bons profissionais que se dediquem ao diagnóstico cuidadoso e ao atendimento remediador de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
 FREITAS, A. C. et al. Teorias da aprendizagem. Universidad Evangélica del Paraguay- UEP, Maestria y Doctorado en Ciencias de la Educación, 2006.
FONSECA, V. da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
 BELLEBONI, A. B. S. Qual o Papel da Escola Frente às Dificuldades de Aprendizagem de Seus Alunos? 2004.
 BARBOSA, L. M. S. O projeto de trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. Curitiba. Ed. Gráfica Arins, 1999.